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O que é a disortografia?

 

A palavra disortografia deriva dos conceitos dis (desvio) + orto (correto) + grafia (escrita)

A disortografia é uma dificuldade manifestada por um conjunto de erros da escrita que afetam a palavra, mas não o seu traçado ou grafia.

 

Uma criança disortográfica, não é necessariamente disgráfica, ou seja, a disortografia. trata-se de uma perturbação que afeta as aptidões da escrita e que se traduz por dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da criança em compor textos escritos.

 

As dificuldades centram-se na organização, estruturação e composição de textos escritos, a construção frásica é pobre e geralmente curta, observando-se a presença de múltiplos erros ortográficos e por vezes má qualidade gráfica, como por exemplo:

 

 

 

 

 

 

 

Eu gostu muinto doouvire munsica
já fui ver um gonzeerto  e gostei muito
 

O processo de ortografia constitui um mecanismo complexo que requer aptidões muito diversificadas: habilidades motoras, capacidades perceptivas, específicas, competências associadas ao pensamento lógico, de tipo linguístico e também afetivo-emocionais.

 

 

 

-Habilidades motoras (lateralidade, moticidade dinâmica manual, entre outras): estão muito ligadas ao traçado gráfico e revelam menor importância quando falamos de disortografia (mas são de grande revelância na disgrafia);

 

 

 

 

- Capacidades percetivas específicas: estão relacionadas com as perceções auditiva, visual e espaço-temporal, que possibilitam uma correta discriminação dos sons dos fonemas e a retenção do estímulo sonoro;

 

 

No que diz respeito às competências ligadas ao pensamento lógico, estas são de crucial importância para a aquisição e segmentação do código gráfico-fonético (correpondência grafema-fonema) e para distinção dos diversos elementos linguísticos (fonema, sílaba, palavra) dos estímulos sonoros.

 

As capacidades do tipo linguístico, por seu lado, favorecerem a elaboração de enunciados corretos (morfossintaxe e semântica), partindo da escrita espontanêa, ou seja, o sujeito deve saber o que quer escrever e qual a forma correta de o transmitir, geralmente, estas capacidades estão mais relacionadas com aspetos gramaticais e não só ortográficos.

 

Os aspetos afetivo-emocionais são essenciais para uma boa composição escrita (gráfica e ortograficamente), pois não basta que a criança conheça  as regras de ortografia e tenha uma boa coordenação manual, capacidade de perceção e domínio linguístico, mas também que esteja motivada para manter um nível de atenção mínimo e realizar um trabalho cuidado.

 

 

 

Subtipos

 

Tsvetkva (1977) e Luria (1980), propõem uma classificação baseada não só nos sintomas, mas também nas causas da disortografia.

 

 

O primeiro subgrupo caracteriza-se:

 

Os disortográficos temporais: Estas pessoas revelam dificuldades na perceção clara e contante dos aspetos fonémicos da linguagem falada com a correspondente tradução, ordenação e separação dos seus elementos (susbtituem/juntam/separam palavras de forma incorreta);

 

Os percetivos-cinestésicos: Estas pessoas revelam dificuldades na repetição dos sons executados, verificando-se substituições ("j"-"ch", "r"- "u") no modo de articulação dos fonemas;

 

Os disortográficos cinestésicos: Estas pessoas têm uma sequência fonémica do discurso alterada, o que, consequentemente, origina erros de união e separação das letras/sílabas/palavras;

 

Os de carácter visoespacial: Estas pessoas revelam alterações perceptivas dos grafemas (ou conjunto de grafemas), produzindo rotações/inversões ("p"-"b"), substituições de grafemas semelhantes ("m"-"n") e/ou confusão de caracteres com dupla grafia ("ch"-"x");

 

Os disortográficos dinâmicos: Estas pessoas manifestam alterações na expressão escrita das suas ideias e na estruturação sintática das orações, geralmente escrevem frases desordenadas e textos confusos;

 

Os semânticos: Estas pessoas têm uma análise concetual (necessária para estabelecer os limites de palavras, por xemplo), se encontra alterada, bem como a utilização dos sinais ortográficos (acentos agudo, grave, circunflexo,til,cedilha);

 

Os disortográficos culturais: Estas pessoas apresentam graves dificuldades na aprendizagem da ortografia convencional e/ou das regras gramaticais (utilização dos sinais de pontuação, letra maiúscula, hífens)

 

 

 

 

Causas

 

Citoler (1996), apresenta alguns fatores potencialmente justificativos das dificuldades disortográficas:

 

-Problemas na automatização dos procedimentos da escrita- que se traduzem na produção deficiente dos textos;

-Estratégias de ensino imaturas ou ineficazes- com a consequente ignorância das regras de composição escrita;

-Desconhecimento  ou dificuldades em recordar processos e subprocessos implicados na escrita- carência nas capacidades metacognitivas da regulação e controlo desta atividade

 

Por outro lado para Torres &Fernández (2001) as causas da disortografia estão relacionadas com aspetos percetivos, intelectuais, linguísticos, afetivo-emocionais e pedagógicos.

 

Causas tipo percetivo: Estas causas estão associadas a deficiências na perceção, na memória visual e auditiva e /ou a nível espaço-temporal, o que traz consequências na correta orientação das letras e na discriminação de grafemas com traços semelhantes,

 

Causas tipo intelectual: Estas causas estão associadas a um défice ou imaturidade intelectual, um baixo nível de inteligência geral pode levar a uma escrita incorreta porque a criança não domina as operações de caráter lógico-intelectual necessárias ao conhecimento e distinção dos diversos elementos sonoros. Estas causas estão também associadas a problemas de linguagem (pronúncia/articulação) e /ou deficiente conhecimento e utilização do vocabulário (código restrito);

 

Causas do tipo pedagógico: Estas causas estão associadas a métodos de ensino desadequados, como por exemplo, quando um professor se limita a utilização frequente do ditado, não se ajustanto portanto ás necessidades de todos os alunos e não respeitando por isso, os seus níveis de aprendizagem.

 

 

 

 

Sinais de alerta

 

Uma criança que revele dificuldades na correpondência fonema-grafema, ou seja, nem sempre consegue reproduzir aquilo que ouve, erros ortográficos, como omissões, adições, inversões, uniões e separações incorretas das letras, substituição de letras semelhantes sonoramente e/ou visualmente e que revele dificuldades em recordar as regras de ortografia, como por exemplo, os sinais de pontuação, poderá vir tornar-se disortográfica.

 

 

 

 

Caracterização

 

Uma criança disortográfica revela, geralmente, falta de vontade para escrever e os seus textos são reduzidos, com uma organização pobre e pontuação inadequada.

 

 

-Erros de carácter linguístico-percetivo:

- Omissões de letras , sílabas ou palavras

Exemplo: "cadera" em vez de "cadeira", "car", em vez de "carta"

 

- Adições de fonemas, sílabas e palavras:

Exemplo: "felor" em vez de "flor", "casasa" em vez de "casa"

 

-Inversões de caracteres, de sílabas numa palavra ou de palavras:

Exemplo: "las" em vez de "sal", "me" em vez de "em", "bulsa" em vez de "blusa"

 

-Troca de símbolos linguísticos que se parecem sonoricamente semelhantes:

Exemplo: "faca! em vez de "vaca", "jinelo" em vez de "chinelo", "borta" em vez de "porta"

 

-Erros de caráter visoespacial:

Exemplo:

-Substitui letras que se diferenciam pela sua oposição no espaço ("b"-"d", "d"-"p", "p"-"q");

- Substitui caracteres semelhantes visualmente ("m"-"n", "o"-"a", "u"-"v");

-Confundem-se com fonemas que apresnetam dupla grafia ("ch"-"x", "s"-"z") ou dupla grafia em função das vogais ("g"-"c");

- Omite a letra "H", pornao ter correpondência fonémica;

-Escreve palavras/frases em espelho (pouco comum)

 

-Erros de caráter visoanalalítico:

Exemplo:

- Não faz sínteses e/ou associações entre fonemas e grafemas, trocando letras sem qualquer sentido;

 

-Erros relativos ao conteúdo:

Exemplo:

- Não separa sequências gráficas pertencentes a uma dada sucessão fónica, ou seja, une palavras  ("ocarro" em vez de "o carro"), junta sílabas pertencentes a duas palavras ("no diaseguinte" em vez de " no dia seguinte") ou separa palavras incorretamente

 

Erros referentes às regras de ortografia:

Exemplo:

- Não coloca "m" antes de "b" ou "p";

-Ignora as regras de pontuação;

-Esquece-se de iniciar as frases com letra maiúscula;

-Desconhece a forma correta de separação das palavras na mudança de linha, a sua divisão silábica, a utilização do hífen

 

 

 

 

Intervenção

 

A intervenção junto de cirnaças com disortografia não deve obedecer a um único modelo em concreto, mas sim a uma variedade de técnicas que tenham em conta não apenas a correção dos erros ortográficos, mas também a perceção auditiva, visual e espaço-temporal como a memória auditiva e visual.

 

 

Existem duas áreas importantes na reeducação da disortografia, sendo elas: 

 

Intervenção sobre os fatores associados ao fracasso ortográfico- Nesta área são importantes aspetos relacionados com a perceção, discriminação e memória auditva,  neste âmbito podem ser feito exercícios como: discriminação de ruídos, reconhecimento e memorização de ritmos, tons, melodias, ou a nível visual, exercícios de reconhecimento de formas gráficas, identificaçaõ de erros, perceção fígura-fundo.

As caracteristicas de organização e estruturação espacial, podem ter como exercícios distinguir noções espaciais básicas, como direita-esquerda/cima-baixo/frente-trás, a perceção linguisto-auditiva, tem como exercícios possíveis, de consciencialização do fonema isolado, sílaba, soletração, formação de famílias de palavras, analise de frases e também exercícios que erriquecam o léxico e vocabulário da criança.

 

Intervensão específica sobre os erros ortográficos- Esta área atende particularmente nos individuos de ortografia natural, tendo como exercícios de susbtituição de um fonema por outro, letras semelhantes, omissões/adições, inversões/rotações, uniões/separações. A nível da ortografia visual, podem ser feitos alguns exercícios como fonemas com dupla grafia, diferenciação de sílabas, reforço de aprendizagem e de omissão/adição do "h" e das regras de ortografia letras maiúsculas/minúsculas, "m" antes de "b" ou "p", "r"-"rr"

 

 

O educador pode também utilizar por exemplo técnicas:

 

-Ficheiros cacográficos, ou seja, cartões com palavras nas quais as crianças constumam cometer erros, em que na parte frontal está a palavra bem escrita e na fase posterior a mesma surge incompleta, com omissão das letras, sílabas, onde se costumam verificar incorreções. Esta técnica vai permitir que a criança tenha conhecimento de como se escreve a palavra corretamente, ao mesmo tempo que reconhece os caracteres que costuma omitir/adicionar/inverter;

 

-Inventários cacográficos, ou seja, neste caso a criança regista os erros cometidos e ao lado escreve a palavra corretamente, assim poderá colocar uma folha no início do dossir que a poderá ajudar sempre que surgirem dúvidas na escrita de uma palavra;

 

-Produções espontanêas, estas produções ocorrem por parte da própria criança (palavras, textos curtos), para explicar o que ocorreu de errado e promover uma correta ortografia, percebendo que o que fez e porque precisa de corrigir. Neste momento deve-se elogiar a criança, no caso de ter escrito uma palavra corretamente ou caso isso não aconteça valorizar algum aspeto positivo que possa ser reforçado.

 

O professor deve também saber diferenciar os erros de ortografia das falhas na compreensão, tendo sempre o cuidado de executar uma caligrafia perfeita sempre que escrever no quadro, pois estas crianças são capazes de escrever "sonoria" se as letras da palavra "sumário" não estiverem perceptíveis. deste modo, devem ser evitadas cópias e ditados uma vez que se trata de uma técnica pouco interessante e monótona que vai levar a criança a escrever como o fazia habitualmente, não permintindo a correção imediata dos erros.

 

 

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